quinta-feira, 17 de novembro de 2016

TEOLOGIA E FILOSOFIA COM BEATO  DUNS ESCOTO

                                             

            No dia 7 de julho de 2010, o Papa Bento XVI fez um pronunciamento no Vaticano onde citou aos fieis presentes, as bases do pensamento de Duns Escoto. O Papa explicou como os conceitos do pensador são ainda presentes e como foram precedentes em questões atuais.
            Duns Escoto (1266 - 1308) foi um frei da Ordem dos Frades Menores. Professor, e escritor; grande pensador medieval, foi muito importante para a  fundamentação de Fé em questões dogmáticas cristãs como a imaculada conceição;  o mistério da encarnação de Cristo entre outros. Escreveu, entre as suas diversas obras, uma que se destaca  cujo nome é “Quaestiones Quodlibetales” uma vasta e complexa obra que apresenta varias questões teológicas.
O beato Duns Scotus foi um frade importante
durante a Idade Média.
              Segundo Escoto, a Encarnação de Jesus aconteceria mesmo se não houvesse acontecido o pecado original. Isto não significa a diminuição da importância do sacrifício de Jesus. Escotus entende que o projeto de Deus tinha que se concretizar com a vinda de Jesus Cristo a terra. A encarnação de Jesus é compreendida aqui como uma forma divina de Deus se unir ao homem de maneira mais íntima. A questão Mariana também fora observada pelo Filósofo. O dogma da Imaculada Conceição foi proclamado em em 1854 pelo Papa pio IX: a Igreja reconheceu que Maria não possuía o pecado original. Duns Escoto foi um percussor considerando ser Maria “imaculada”, tal como a Igreja reconheceu posteriormente.
            A liberdade é também problematizada pelo pensador. Ela é fruto da combinação “intelecto” e “vontade”. A vontade humana, quando deseja algo, se vale do intelecto, da razão, para perceber se o que se deseja é bom, almejável, possível; para só em seguida o executar. A liberdade é fruto da combinação  entre a vontade e intelecto.
            A Metafísica e o “principio primeiro”, pauta em questão entre os no sécs. XII e XIV, também foram problematizadas pelo filósofo. É notável como o pensamento e as obras deste grande autor preconizaram diversos temas atuais, e como suas reflexões aprofundam extemporaneamente questões já respondidas tal como outras jamais pensadas. Duns Escoto é, indubitavelmente, um importante filósofo medieval.


Referências Bibliográficas:

Papa Bento XVI. AUDIÊNCIA GERAL. 2010. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2010/documents/hf_ben-xvi_aud_20100707.html.

REALE, Giovani. HISTÓRIA DA FILOSOFIA. São Paulo: Paulus, 1990. 693 p.



SÃO THOMAS DE AQUINO E A IGUALDADE DOS PECADOS

                                      
            Grande questão que divide opiniões entre as diferentes ramificações do cristianismo é a levantada por São Thomas de Aquino: são todos os pecados iguais? Se iniciarmos uma pesquisa de campo com esta pergunta e a fizermos a um considerável número de pessoas, a resposta não será uníssona, mas assaz diversa. Buscaremos, pois, aprofundar a questão com base na Suma Teológica.
                A  problematização da questão se dá  com alguns argumentos que iniciam o debate. Para Thomas de Aquino, o pecado é um mal, e  nenhum tipo de pecado deve ser cometido.  Ora, se todos os pecados devem ser igualmente evitados porque são igualmente “mal”, e como se constituem o contrário das virtudes -que são todas iguais-, logo são os pecados todos iguais.
Existem pecados graves e outros não graves.
Mas todos devem ser evitados...
            Contudo, considerando-se que muito certamente o doente  não deseja piorar, para não morrer, e como o deficiente não deseja que sua deficiência se agrave porque considera a deficiência, a doença e a morte um mau, o pecado é também algo mau, e o homem deve evitá-lo. De fato, existem pecados “graves” e “veniais”, na visão de Thomas, da mesma forma como há males físicos mais graves que outros.
         Observe-se que há pecados que promovem impacto mais grave que outros: desejar mentalmente algo de ruim a alguém  e cometer um  latrocínio são exemplos claros de dois pecados com diferentes impactos efetivos; ambos são pecados, mas observa-se maior repugnância ao ultimo. Assim, há pecados que devem ser mais evitados  que outros, ou seja; deve o fiel se policiar mais em não os cometer. O capítulo 19 do evangelho de João vem completar o pensamento tomista, onde Jesus pergunta a Pilatos quem possui o “pecado maior”. Segue-se que a existência de pecados graves e outros não graves são uma realidade.

            As exposições são brilhantes e fazem refletir acerca do assunto.  Certamente, aqueles que não congregam em nenhuma denominação cristã, corroborarão com o pensamento tomista. Sobre estes, o Papa Bento XVI, numa catequese em 2006, afirmou que o senso comum pode, diversas vezes, alcançar os mais altos graus de Teologia, sem haverem lido um texto sobre, e mais uma vez fulgura a grandeza do pensamento de Thomas de Aquino.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.


REALE, Giovani. HISTÓRIA DA FILOSOFIA. São Paulo: Paulus, 1990. 693 p.


     AQUINO, Thomás de. SUMA TEOLÓGICA. Traduzido por Alexandre Correia. São Paulo: Odeon, 1934. 484 p.

 Papa Bento XVI. AUDIÊNCIA GERAL. 2010. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2010/documents/hf_ben-xvi_aud_20100707.html.

                             

DIVERSOS CONCEITOS DE THOMÁS DE AQUINO


            Buscando uma psicologia em São Thomas de Aquino, Mauro Martins Amatuzzi, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, escreveu um artigo que demonstra aspectos da área no autor. Antes de discorrermos desse, é importante que nos recordemos que, na época de Thomás, não havia tal profissão.   A aproximação dos conceitos de Thomás de Aquino à Psicologia é possível partindo da análise de seus escritos relacionados ao ser humano: suas ações e conduta, e as estruturas interiores que o forma.


CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DO ARTIGO

         A principio, devemos considerar três pontos que o autor do artigo em foco observa: O primeiro é que Thomas de Aquino  considera que Deus é o principio e o fim de todas as coisas e considera que a alma humana está ordenada para chegar a Deus. O segundo é como o homem procura a Deus e age no mundo para alcançar este fim. O terceiro constitui-se na crença que Jesus Cristo  conduz o ser humano a Deus, e como pode, segundo o autor do artigo, o homem se valer de símbolos para significar a sua existência.


A Alma
Existe, primeiramente, uma diferença entre os seres vivos e os não vivos, são completamente diferentes. Ser vivo é ser animado, não inerte, mas que seu movimento é feito por si mesmo, daí o conceito  de alma, (“anima” em latim “sobre”, “ar” “brisa”, “aquilo que anima”) que  dá ao corpo “animo”, vida. Tudo que não possui alma é ser inanimado. Pode-se observar o exemplo que o escritor de artigo valeu-se de uma pedra e de um gato para exemplificar o que possui e não possui alma: uma pedra, dividida ao meio, torna-se duas pedras. Um gato dividido ao meio torna-se dois pedaços de um gato morto. Assim, visto que o corpo submete-se à alma, pois quando ela o abandona acontece a morte, é a psicologia o estudo da mesma. 

Thomás de Aquino é um importante teólogo
da Igreja Católica.
Mauro Martins apresenta que, em Thomás, existem diversos tipos de vida, e quanto mais complexas as suas estruturas mais perfeitas elas são. A vida animal é mais perfeita que a vida vegetativa, e a humana é mais perfeita que todas, dada a complexidade da mesma, pois o homem, além de viver “vegetalmente” tendo suas funções involuntárias funcionando perfeitamente, e possuindo instintos, tal como os animais, possui  a faculdade do intelecto, e pode vencer os mesmos instintos  por meio da razão, bem como mudar a natureza e questionar-se dela, realizando mudanças no mundo e em si mesmo, coisa que nem os animais ou os vegetais podem fazer, sendo o homem “obra prima da criação”. Ora, como o homem é formado de corpo e alma, Thomás de Aquino apresenta uma forma de entender e cuidar do homem: é tarefa dos teólogos cuidar da alma, da mesma forma que do corpo os médicos.

Engana-se quem pensa que fora Kant o percussor, no séc. XVIII, do esclarecimento propondo o “sapere aude”, pois estão já esses conceitos presentes na obra de São Thomás de Aquino. Segundo o autor demostra, viver não é somente estar vivo “vegetalmente” isto é, estar sempre sob tutela dos outros, intelectualmente falando; sob uma “escravidão”, sendo aquilo que desejam que você seja e não aquilo de fato que és.

Deus

No mundo as coisas mudam: elas estão constantemente em mudança. Contudo, elas mudam sem deixar de ser a coisa que elas são. Como vimos, os objetos sem alma não podem se mover sozinhos, justamente por não possuírem alma.  Existe, pois, alguma coisa ou ser no universo que permite que as mudanças ocorram, sem misturar-se nestas coisas, pois aquela coisa que, no objeto muda, não a pode fazer por si mesma, pois é inanimada.


O Conhecimento

Outra importante questão que Mauro Martins observa  é o conhecimento em Tomás de Aquino. O conhecimento é aquilo que temos dentro de nós, mas que não é  a coisa mesma, ou seja; quando pensamos num carro, não existe um carro dentro de nos, mas a figura de um carro. Conceito muito parecido com  a figura das ideias de reflexão de Locke.  O conhecimento pode ser sensível (olhar, sentir, ouvir) e pode ser intelectual (pensamento,  conceituação, filosofia etc.. ) contudo, os dois estão juntos e são interligados por uma terceira entidade que seria a intencionalidade. Intencionalidade é a vontade humana de pesquisar ou não algo. Por exemplo, o homem que deseja descobrir algo, põe-se a pesquisar no caminho daquilo que quer descobrir.


A NATUREZA HUMANA

No livro A Ética, Aristóteles se pergunta qual é o fim do homem, visto que o fim do médico é curar e do filósofo pensar, mas e do homem mesmo?  Pensando sobre isso, o autor da Suma Teológica expõe que  a natureza da coisa é revelada por sua operação; então se pode entender que a natureza  e a vocação do homem é pensar raciocinar e usar o intelecto. Por este motivo é superior à todos os animais visto que neles não há esta faculdade.


CONCLUSÃO

Vimos neste texto como o pensador medieval fora profundo e importante, encontrando explicações à diversos temas de diversas áreas. Reconheceu-se também a profundidade do trabalho de Mauro Martins, que em seus estudos, sintetizou muito bem os conceitos do mais importante filósofo da Idade Média.

Referências Bibliográficas.

AMATUZZI, Mauro Martins. Tomas de Aquino e os sonhos: recorte de uma psicologia humanista. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 38, n. ja/dez. 1988, p. 33-58, 1988..



                                       DEUS EM SÃO TOMÁS DE AQUINO


                                  
            São Thomas de Aquino busca diferentes formas de explicar a Deus, e como podemos concebê-lo. Uma das formas que encontrou para tal é o argumento de “perfeição e emanação”, que vamos explorar adiante.
            No mundo, há dois tipos de seres: os seres vivos e os seres inanimados. Estes últimos são aqueles que não se movimentam por si só ou que exercem força sobre os outros; não possuem intenção, tal como o fogo. Este, ao dominar algum objeto combustível, queima, mas a matéria que sofreu a alteração causada pelo fogo, encontra a explicação da sua forma atual no fenômeno que o fogo produziu nele, sendo sua emanação, sempre exterior.
                Os outros seres são todos que possuem a emanação dentro de si, tal como as plantas que, procuram crescer e alimentar-se dos nutrientes do solo, e produzem  algum tipo de fruto que, quando sazonados,  se desprendem da mesma e caindo ao chão, germinam novamente a espécie. Estes encontram a sua emanação dentro deles mesmos, visto que o fruto é o “fim” da planta e dela saiu. São assim os seres vivos.
            Quanto mais perfeito é o ser vivo, mais é interior a emanação. E considerando que haja uma vida perfeita que possa refletir e aprender em si mesmo e cuja emanação seja exclusivamente interior, mais perfeita é a vida que se aproxima desse estilo. O Homem vivendo no mundo procura alcançar a felicidade de vários modos; uns trabalham com o que gostam, outros viajam, e cada um procura aquilo que lhe apraz: Contudo, é necessário que aprenda algumas regras morais entre outras básicas, como falar, por exemplo, para que nesses fins chegue, sendo ainda imperfeito, mesmo sendo sua emanação em si mesmo.
Os anjos também possuem emanação em si mesmos, visto que, servindo a Deus, realizam-se plenamente, mas ainda são imperfeitos, pois ainda que possam refletir em si mesmos, não aprendem nada mais com isto e não são a perfeição mesmo. Existe um ser que possui em si mesmo sua emanação; reflete sobre si mesmo  e esta reflexão é a sua própria natureza. Este ser é também perfeito, é Deus.
            Deus, para Thomas, é um ser perfeito, o mais perfeito de todos os seres vivos. Na Suma Contra os Gentios, através de raciocínios lógicos, busca-se a explicação dos principais dogmas cristãos. Os conceitos filosóficos de Thomas foram imprescindíveis à época que viveu e ainda são vigentes, sendo eles citados inúmeras vezes no Catecismo da Igreja Católica, denotando sua grandiosidade e relevância. 





                                A ARTE EM SÃO THOMAS DE AQUINO



            Ao perguntarmos para um aluno de ensino médio “o que é arte” espera-se uma resposta como "uma obra boa" como um quadro, uma obra de arte. No meio acadêmico, principalmente nos cursos de ciências humanas, as repostas são mais complexas: “É uma sinfonia de Tchaikovsky”, ou “um quadro de Monet”. Pode ser também os modelos arquitetônicos barrocos como a Basílica de São Pedro, em Roma, bem como as pinturas que a compõe.  A arte é, pois, um assunto de difícil consenso e conceituação. O que é obra de arte? O que consiste, de fato, na constituição da arte?
Os pintores expressionistas e pós-impressionistas
quebraram as regras da arte clássica.
A estética Tomista discorre sobre o assunto buscando uma resposta clara e aceitável.  A sua concepção consiste, primeiramente, em crer que todas as ações humanas são por meio da razão elaboradas.  Ora, os animais na natureza também realizam obras, mas, diferente do homem que, antes de às iniciar, põe-se a refletir e planejar acerca de seu ato -capacidade que os animais não possuem. Assim, a arte é uma obra bem feita, isto é, algum tipo de obra humana  que é “boa” enquanto bem feita: E quanto mais bem feita, melhor é o seu produto e vice-versa. 
            Existem obras produzidas pelo homem que possuem alguma utilidade prática, como uma espada ou uma mesa; e há outras obras cuja utilidade consiste em  serem observadas e contempladas, como um quadro e uma escultura. As primeiras exercitam o corpo do homem que às utiliza para algum fim  desejado, como uma enxada para um arado; e as segundas são ao exercício da razão, como uma pintura ou uma música. Uma obra não se sobrepõe à outra, sendo uma mais “arte” que outra. E quanto mais perfeito for, seja a pintura ou a espada, ambas, mesmo tendo diferentes fins, da mesma forma arte são.
            Ponderando mais sobre a criação da obra de arte, o homem pode chegar ao entendimento que, da mesma forma que ele gasta tempo e paciência e de suas capacidades mentais para esculpir uma imagem ou forjar uma arma, alguém usou de sua força para criar todo o mundo real. Assim, o homem chega ao conhecimento de Deus compreendendo ser imagem dele enquanto produz arte, pois faz, de forma reduzida, o mesmo que Deus fez na criação.
Jesus Cristo, enquanto artesão,
também era artista, pois fazia tudo
muito bem!
            E sendo Jesus Cristo um trabalhador na oficina de José, no Norte de Israel, e considerando tudo que expomos acima, era Jesus um artista; não somente na sua função manual, mas em suas revelações públicas, visto que tudo fizera bem, sendo a imagem de Deus e ele próprio.
            A reflexão de Thomas de Aquino sobre a arte leva-nos a questionar algumas visões contemporâneas sobre o assunto. É pois seu argumento  assaz convincente, mostrando como ainda se pode encontrar alguns aspectos de seu pensamento em nossa atualidade, denotando a contemporaneidade das ideias medievais.


                              A MORAL EM SÃO THOMAS DE AQUINO

 

                São Thomas de Aquino (1225 – 1274) foi o maior pensador medieval latinófono. Sua obra mais conhecida é a famosa “Suma Teológica”, que possui três edições. Contudo o tema que trataremos aqui está além dessa grande obra conhecida.  Vamos aprofundar essa questão bem como a problemática da Ética, segundo o autor. É importante observar que o pensamento Tomista possui varias influencia como a Biblia; obras de Santo Agostinho e a Ética de Aristóteles. Podem-se compreender tais como as bases do pensamento e da sua filosofia nas obras que aprofundaremos aqui.
            A questão moral começa a ser vista numa obra inacabada, cujo nome é in “libros politicorum aristotelis”,na qual  expende acerca da politica em aristóteles (ética a nicomaco), não contradizendo-o mas buscando explicar a obra problematizando essa questão. Na obra  encontra-se, por exemplo,  como o pode proceder um rei ou um príncipe em determinadas situações, e assim por diante. Numa outra obra “de regum”, é interessante observar que  aquino, um padre no séc. Xiii com grande fama e internacionalmente conhecido, concordou com a visão aristotélica na qual o homem é classificado como “um animal”: um animal social e politico e que, por essa qualidade, conseguirá no convívio da pólis realizar-se praticando as virtudes cívicas. Essa obra também não fora finalizada. A preocupação do  “como agir”, com relação as “virtudes” é muito presente em sua obra sobre a ética, na suma teológica.  Contudo, aprofundaremos mais sobre esse assunto adiante.
                Mas é na Suma Teológica que a questão moral é mais aprofundada e com impecabilidade trabalhada. A obra é resultado da tradução diretamente dos textos Gregos dos filósofos em contraposição as traduções que estavam chegando, feitas do Siríaco da escola dos Cristãos Sírios.  Na obra, apresenta-se demasiadamente o pensamento de Aristóteles, bem como o do Santo Agostinho; dos Apologistas, de todos os períodos da patrística e da própria Bíblia. Observaremos a influencia Aristotélica na mesma. A Obra possui três edições na qual a terceira não fora concluída.  Na primeira, o aspecto Cristão se dá muito forte e as explicações acerca das propostas de estudo  são expostas  a luz do espirito cristão vigente. É na segunda que está no homem a maior centralidade, isto é, que se concebe o homem não como já pronto das mãos de Deus, mas com capacidade de trilhar seu caminho fazendo escolhas e mudando seu futuro. É desta concepção que se pode aqui falar com maior autonomia com relação ao tema deste artigo.
            Tal como  na “Ética a Nicômaco”, de Aristóteles, retorna-se, na obra em questão, ao conceito de bem que Aristóteles problematiza, na qual  busca do homem pelo mesmo, e visto que esse é  , grosso modo, a felicidade, se torna o fim ultimo do homem. Sendo Deus, segundo Thomás, essa felicidade, o homem dispõe de modos de vida que o aproximam d’Ele; e são esses ‘modos’ a questão trabalhada na segunda parte, pois são a base do conceito de  “virtude”; o “como agir” que iniciamos acima. Esse modo de vida é fruto das escolhas do homem; é ele que escolhe ou não seguir vivendo tais virtudes. Tal como todos os animais da natureza, o homem possui  aquilo que se chama vontade, sendo essa  diferente dos animais, ela submete-se, no homem, á razão. Assim o homem toma atitudes conscientes e livres.  
            A Moral não é apresentada como um compêndio de coisas permitidas ou não, nem como mandamentos religiosos, mas como uma vida virtuosa buscando a graça de Deus; uma “moral das virtudes”
                Aristoteles apresenta a politica como “a busca do bem comum”. O homem é ajudado pela multidão que ele compõe, não somente para que viva, mas para que viva bem. Contudo, também considera o Filosofo que seja “natural” a existência de escravos  na sociedade. Em contraposição á esse pensamento, São Thomás pondera que, como pela encarnação e morte de Jesus Cristo todos foram alcançados pela redenção, não é licito que haja uma sociedade de desiguais (com escravos, por exemplo), mas uma cidade onde todos possuem “os mesmos direitos e valores”.
            Pela redenção de cristo que nos torna iguais, todos possuem um certo “valor inviolável” e deve a dignidade humana ser respeitada. Assim chaga-se a conclusão de que se é contrario á tudo que dissipa a vida, tal como: Ás injurias, crueldades, furtos e atitudes como usar alguém como objeto  de satisfação sexual.

                O pensamento Tomista foi indispensável para o período medieval, como Santo Agostinho, tornou-se argumento de autoridade durante o período. Foi, da mesma forma, as bases do pensamento ético na Europa e nas Américas, bem como no resultado ético dos processos neocoloniais Africanos e nas Missoes Jesuitas modernas. O pensamento dele está, ainda hoje, intrínseco na moral da sociedade e persuade-se falsamente quem pondera estar ultrapassada a sua filosofia.

                                ETICA  EM SÃO THOMAS DE AQUINO

 

            Não há duvidas que, dentre todos os escritores medievais, pode-se confirmar sem temer que a obra de São Thomas de Aquino “Summa Teologica” foi a maior obra escrita no período  influenciando a maioria dos pensadores até posteriores ao mesmo. A teoria da ética, em São Thomas, é um tema importante de ser estudado visto que, no ocidente, o pensamento Judaico-Cristão é predominante e formador dos valores vigentes.
            Segundo o autor, o Homem possui uma característica: Ele, por meio da liberdade, procura sempre a sua felicidade como fim. Dessa forma, empenha-se se esforçando para alcançar tal.  A felicidade é Deus, e quanto mais próximo de Deus o homem estiver, mais feliz ele será; pois o homem busca felicidade como fim. Como é “impossível” ter esse encontro “pessoal” com Deus,  sendo esse somente quando a  alma se desprender do corpo, alcançará a felicidade encontrando o Criador após a morte do corpo.  Contudo, o homem pode conhecer o amor de deus e começar a sua busca pela felicidade ainda em terra, pela pratica das virtudes.
            Fruto da liberdade, o Homem possui dois tipos de ato: O ato voluntario e o ato Moral. O primeiro consiste em ações boas  que o Homem faz por vontade própria buscando algo bom e o bem tal como evitando o mau, pois o conhece e sabe o que acontecerá (teoricamente) se o escolher. O segundo consiste também em  atos voluntários, sejam eles bons ou maus, que o homem faz. Tendo em vista o contexto que esse ato fora produzido. O que define o que seria o  “mau”, isto é, o conceito de “maldade” é o pecado, que Thomas de Aquino observa como sendo  uma aversão á Deus, uma ofensa a Ele.
            O é também outra questão a ser observada: Deus escreveu uma lei natural, isto é, uma lei que está no coração dos homens. Pode-se a compreender como praticas que são erradas independente da cultura, como roubar, mentir, trair, praticar violência, matar, entre outros O homem sabe que isso é o mau, pois fôra o Próprio Deus que os colocou sendo como tal no coração do homem, afim de que, em todas as culturas, os Homens chegassem a essa concepção comum. Então o homem, pela sua racionalidade e, por essa lei natural, cria a lei civil e deve cuidar para que essa seja aplicada.
Cabe ao legislador observar o ensinamento da mesma e prevenir acerca da sanção, no caso da sua não observação. A lei, portanto, obriga o sujeito a observá-la, sob aplicação de pena no caso de sua não observação”  [C.G.III,140/In I Sent. d39, q2,a2,ad5/Sum. Theo.I-II,q2,a2,ad1/II-II,q58,a3,ad2/I-II,q96,a4/II-II,q60,a5,ad1/II-II,q108].

            A alma possui faculdades que “caracterizam” o Homem isto é; lhe dá uma identidade. Ela produz a vontade de verdade e a própria vontade; o leva a buscar bens sensíveis; afastar-se do mau e o move a lutar por coisas difíceis de conseguir. Contudo, quando um fim é deveras almejado, o Homem o deseja com demasiado fervor e a busca por este pode acabar com a liberdade do Homem vertendo-o em  o vicioso. O vicio é o contrario da virtude.
Por isso, a virtude torna melhor quem a possui e dispõe quem a possui para a boa operação. Mas o mesmo se diz do vício, que sendo um hábito mau imprime na natureza de quem o possui uma má disposição, enquanto lhe priva de alguma perfeição e que é de difícil remoção, que torna pior o ser e a operação de quem a possui. [Sum. Theo. II-II,q47,a4,c]

Considerações Sore O Vicio E Sobre Etica Social
            Evitar os vícios é primordial para viver bem e buscar o fim natural do  Homem, que é Deus.  Os vícios, além de serem pecados que, como visto, é o “mau” e devem ser evitados, “enganam” o Homem, não dando-lhe aquilo que procura, que é a felicidade. Sobre  eles, diz: Vício é a privação de perfeição da natureza por disposição habitual contrária ao bem da mesma” [AQUINO, 2001]. A expressão “Sete pecados capitais”, tão usual, são na verdade “Os vícios capitais” que foram enumerados pelo São Thomas de Aquino em sete, em oposição ás dez virtudes cardeais.
            Como visto, Deus colocou no homem Leis naturais e que, refletindo sobre elas, o Homem criou as leis civis e deve aplica-las. Quando alguém não consegue viver dentro dessas leis, e oferece perigo eminente a população deve-se aplicar todas as etapas do procedimento e, não havendo mais alternativas, então a pena de morte deve ser aplicada como forma de proteger a sociedade do risco que o criminoso oferece.
Para o bem comum de todos os cidadãos, justa medida de punição deve ser aplicada aos que causam desordem à sociedade, inclusive a condenação à morte, não tendo sido eficazes os remédios necessários, ou seja, se cada pessoa está para toda a sociedade, como a parte está para o todo, se algum homem se torna perigoso para a comunidade e ameaça corrompê-la por seu pecado, é louvável e salutar matá-lo [Sum. Theo. II-II,q64,a2,c].


            O pensamento de Thomas de Aquino está ainda presente. Arrisco - me a dizer que, grosso modo, formou o pensamento civil ocidental. Seus conceitos Cristãos de Ética são muito fortes ainda hoje nas sociedades Cristianizadas e principalmente ocidentais. A filosofia de Thomás de Aquino perdurou por séculos e ainda hoje inspira trabalhos e artigos, quebrando paradigmas acerca da época que ele viveu e mostrando que fora o inverso que o senso comum postula sobre.


Jefferson Dionisio 

 ROBERT GROSSETESTE E CONSIDERAÇÕES SOBRE A LUZ.


            A concepção medieval acerca do mundo e as explicações aos fenômenos que o medievo dispõe são usualmente observadas como “ultrapassadas” e “Erradas”. Anela-se , pois, neste bosquejo, díspar visão a essa vigorante, buscando claramente expender a airosa visão de um pensador do período. Bispo, Teologo, Filosofo e escritor Robert Grosseteste (Séc. XII e XIII) além de outros temas, cuidou da questão da luz apoquentar-se.
            Possui a  luz uma eficácia  de multiplicar-se a si mesma visto que, de um ponto de luz num espaço escuro, ela consegue cintilar o ambiente de alguma forma. Possui então a luz tal característica própria. Tal como as coisas no mundo possuem uma corporeidade, isto é, uma forma de ser, a luz a possui de fato, pois tem a capacidade de dominar completamente o espaço em que ela estiver. Dessarte, pensar que um objeto possa um ambiente ocupar sem que esse possua uma corporeidade é inverossímil. Assim defende a corporeidade da luz.
            A luz é capaz desse fenômeno de “preenchimento” pois possui uma predisposição de multiplicar-se sempre “o máximo que puder” até chegar aos seus extremos, que o autor denomina de “Firmamento”. Assim, a  luz multiplica-se sempre e infinitamente para conseguir iluminar o máximo que puder. Ela passando espaços e chegando aos limites de seu firmamento, não deixa um “pouco de sua corporeidade aqui” e outra “ali por onde passa” sendo má dividida e deixando, no raio de seu firmamento, locais menos iluminados que outros; contudo multiplica-se sempre e infinitamente de modo que sua corporeidade é sempre igualmente dividida dependendo do grau de distancia do centro de radiação da luz.
            No “tratado sobre a luz”, o autor aprofunda mais a questão explicando de forma complexa  e sucinta outras questões. Procura explicar como pode-se alcançar o conhecimento dos elementos da natureza pela observação da luz, bem como a luz fulgura o conhecimento do Ser uno e perfeito.

            Robert Grosseteste, bem como outros autores medievais Europeus, foi um grande pensador que contribuiu com muitas ideias no campo da Filosofia Metafisica e Teologia. Seus   textos são repletos de analogias matemáticas, que fortificam a complexidade e dificultam a leitura, contradizendo a visão, que já ultrapassada, acerca do período que o autor viveu, sendo um engano tal opinião e impulso para o estudo de autores da Época. 

Jefferson  Dionisio 
Artigos de FILOSOFIA MEDIEVAL

Aqui, voce encontrará alguns artigos que fiz sobre FILOSOFIA MEDIEVAL.
Que seja útil a voce em seus estudos. !