quinta-feira, 17 de novembro de 2016

                             

DIVERSOS CONCEITOS DE THOMÁS DE AQUINO


            Buscando uma psicologia em São Thomas de Aquino, Mauro Martins Amatuzzi, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, escreveu um artigo que demonstra aspectos da área no autor. Antes de discorrermos desse, é importante que nos recordemos que, na época de Thomás, não havia tal profissão.   A aproximação dos conceitos de Thomás de Aquino à Psicologia é possível partindo da análise de seus escritos relacionados ao ser humano: suas ações e conduta, e as estruturas interiores que o forma.


CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DO ARTIGO

         A principio, devemos considerar três pontos que o autor do artigo em foco observa: O primeiro é que Thomas de Aquino  considera que Deus é o principio e o fim de todas as coisas e considera que a alma humana está ordenada para chegar a Deus. O segundo é como o homem procura a Deus e age no mundo para alcançar este fim. O terceiro constitui-se na crença que Jesus Cristo  conduz o ser humano a Deus, e como pode, segundo o autor do artigo, o homem se valer de símbolos para significar a sua existência.


A Alma
Existe, primeiramente, uma diferença entre os seres vivos e os não vivos, são completamente diferentes. Ser vivo é ser animado, não inerte, mas que seu movimento é feito por si mesmo, daí o conceito  de alma, (“anima” em latim “sobre”, “ar” “brisa”, “aquilo que anima”) que  dá ao corpo “animo”, vida. Tudo que não possui alma é ser inanimado. Pode-se observar o exemplo que o escritor de artigo valeu-se de uma pedra e de um gato para exemplificar o que possui e não possui alma: uma pedra, dividida ao meio, torna-se duas pedras. Um gato dividido ao meio torna-se dois pedaços de um gato morto. Assim, visto que o corpo submete-se à alma, pois quando ela o abandona acontece a morte, é a psicologia o estudo da mesma. 

Thomás de Aquino é um importante teólogo
da Igreja Católica.
Mauro Martins apresenta que, em Thomás, existem diversos tipos de vida, e quanto mais complexas as suas estruturas mais perfeitas elas são. A vida animal é mais perfeita que a vida vegetativa, e a humana é mais perfeita que todas, dada a complexidade da mesma, pois o homem, além de viver “vegetalmente” tendo suas funções involuntárias funcionando perfeitamente, e possuindo instintos, tal como os animais, possui  a faculdade do intelecto, e pode vencer os mesmos instintos  por meio da razão, bem como mudar a natureza e questionar-se dela, realizando mudanças no mundo e em si mesmo, coisa que nem os animais ou os vegetais podem fazer, sendo o homem “obra prima da criação”. Ora, como o homem é formado de corpo e alma, Thomás de Aquino apresenta uma forma de entender e cuidar do homem: é tarefa dos teólogos cuidar da alma, da mesma forma que do corpo os médicos.

Engana-se quem pensa que fora Kant o percussor, no séc. XVIII, do esclarecimento propondo o “sapere aude”, pois estão já esses conceitos presentes na obra de São Thomás de Aquino. Segundo o autor demostra, viver não é somente estar vivo “vegetalmente” isto é, estar sempre sob tutela dos outros, intelectualmente falando; sob uma “escravidão”, sendo aquilo que desejam que você seja e não aquilo de fato que és.

Deus

No mundo as coisas mudam: elas estão constantemente em mudança. Contudo, elas mudam sem deixar de ser a coisa que elas são. Como vimos, os objetos sem alma não podem se mover sozinhos, justamente por não possuírem alma.  Existe, pois, alguma coisa ou ser no universo que permite que as mudanças ocorram, sem misturar-se nestas coisas, pois aquela coisa que, no objeto muda, não a pode fazer por si mesma, pois é inanimada.


O Conhecimento

Outra importante questão que Mauro Martins observa  é o conhecimento em Tomás de Aquino. O conhecimento é aquilo que temos dentro de nós, mas que não é  a coisa mesma, ou seja; quando pensamos num carro, não existe um carro dentro de nos, mas a figura de um carro. Conceito muito parecido com  a figura das ideias de reflexão de Locke.  O conhecimento pode ser sensível (olhar, sentir, ouvir) e pode ser intelectual (pensamento,  conceituação, filosofia etc.. ) contudo, os dois estão juntos e são interligados por uma terceira entidade que seria a intencionalidade. Intencionalidade é a vontade humana de pesquisar ou não algo. Por exemplo, o homem que deseja descobrir algo, põe-se a pesquisar no caminho daquilo que quer descobrir.


A NATUREZA HUMANA

No livro A Ética, Aristóteles se pergunta qual é o fim do homem, visto que o fim do médico é curar e do filósofo pensar, mas e do homem mesmo?  Pensando sobre isso, o autor da Suma Teológica expõe que  a natureza da coisa é revelada por sua operação; então se pode entender que a natureza  e a vocação do homem é pensar raciocinar e usar o intelecto. Por este motivo é superior à todos os animais visto que neles não há esta faculdade.


CONCLUSÃO

Vimos neste texto como o pensador medieval fora profundo e importante, encontrando explicações à diversos temas de diversas áreas. Reconheceu-se também a profundidade do trabalho de Mauro Martins, que em seus estudos, sintetizou muito bem os conceitos do mais importante filósofo da Idade Média.

Referências Bibliográficas.

AMATUZZI, Mauro Martins. Tomas de Aquino e os sonhos: recorte de uma psicologia humanista. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 38, n. ja/dez. 1988, p. 33-58, 1988..



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