SÃO THOMAS DE AQUINO E A IGUALDADE DOS PECADOS
Grande questão que divide opiniões entre as diferentes ramificações do cristianismo
é a levantada por São Thomas de Aquino: são todos os pecados iguais? Se
iniciarmos uma pesquisa de campo com esta pergunta e a fizermos a um
considerável número de pessoas, a resposta não será uníssona, mas assaz diversa.
Buscaremos, pois, aprofundar a questão com base na Suma Teológica.
A
problematização da questão se dá com alguns argumentos que iniciam o
debate. Para Thomas de Aquino, o pecado é um mal, e nenhum tipo de
pecado deve ser cometido. Ora, se todos os pecados devem ser igualmente
evitados porque são igualmente “mal”, e como se constituem o contrário das
virtudes -que são todas iguais-, logo são os pecados todos iguais.
Existem pecados graves e outros não graves. Mas todos devem ser evitados... |
Contudo, considerando-se que muito certamente o doente não deseja piorar, para não morrer, e
como o deficiente não deseja que sua deficiência se agrave porque considera a
deficiência, a doença e a morte um mau, o pecado é também algo mau, e o homem
deve evitá-lo. De fato, existem pecados “graves” e “veniais”, na visão de
Thomas, da mesma forma como há males físicos mais graves que outros.
Observe-se que há pecados que promovem impacto mais grave que outros: desejar
mentalmente algo de ruim a alguém e cometer um latrocínio são
exemplos claros de dois pecados com diferentes impactos efetivos; ambos são
pecados, mas observa-se maior repugnância ao ultimo. Assim, há pecados que
devem ser mais evitados que outros, ou seja; deve o fiel se policiar mais
em não os cometer. O capítulo 19 do evangelho de João vem completar o
pensamento tomista, onde Jesus pergunta a Pilatos quem possui o “pecado maior”.
Segue-se que a existência de pecados graves e outros não graves são uma realidade.
As exposições são brilhantes e fazem refletir acerca do assunto.
Certamente, aqueles que não congregam em nenhuma denominação cristã,
corroborarão com o pensamento tomista. Sobre estes, o Papa Bento XVI, numa
catequese em 2006, afirmou que o senso comum pode, diversas vezes, alcançar os
mais altos graus de Teologia, sem haverem lido um texto sobre, e mais uma vez
fulgura a grandeza do pensamento de Thomas de Aquino.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
REALE, Giovani. HISTÓRIA
DA FILOSOFIA. São Paulo: Paulus, 1990. 693 p.
AQUINO, Thomás de. SUMA TEOLÓGICA. Traduzido por Alexandre Correia. São Paulo: Odeon, 1934. 484 p.
Papa Bento XVI. AUDIÊNCIA GERAL. 2010. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2010/documents/hf_ben-xvi_aud_20100707.html.
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