sábado, 19 de agosto de 2017


 Muito sangue cristão lavou a terra,
 e muitos homens corajosos lutaram
essa antiguerra.
Com a vida e com a voz;
e com exemplo feroz. 

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

TEOLOGIA E FILOSOFIA COM BEATO  DUNS ESCOTO

                                             

            No dia 7 de julho de 2010, o Papa Bento XVI fez um pronunciamento no Vaticano onde citou aos fieis presentes, as bases do pensamento de Duns Escoto. O Papa explicou como os conceitos do pensador são ainda presentes e como foram precedentes em questões atuais.
            Duns Escoto (1266 - 1308) foi um frei da Ordem dos Frades Menores. Professor, e escritor; grande pensador medieval, foi muito importante para a  fundamentação de Fé em questões dogmáticas cristãs como a imaculada conceição;  o mistério da encarnação de Cristo entre outros. Escreveu, entre as suas diversas obras, uma que se destaca  cujo nome é “Quaestiones Quodlibetales” uma vasta e complexa obra que apresenta varias questões teológicas.
O beato Duns Scotus foi um frade importante
durante a Idade Média.
              Segundo Escoto, a Encarnação de Jesus aconteceria mesmo se não houvesse acontecido o pecado original. Isto não significa a diminuição da importância do sacrifício de Jesus. Escotus entende que o projeto de Deus tinha que se concretizar com a vinda de Jesus Cristo a terra. A encarnação de Jesus é compreendida aqui como uma forma divina de Deus se unir ao homem de maneira mais íntima. A questão Mariana também fora observada pelo Filósofo. O dogma da Imaculada Conceição foi proclamado em em 1854 pelo Papa pio IX: a Igreja reconheceu que Maria não possuía o pecado original. Duns Escoto foi um percussor considerando ser Maria “imaculada”, tal como a Igreja reconheceu posteriormente.
            A liberdade é também problematizada pelo pensador. Ela é fruto da combinação “intelecto” e “vontade”. A vontade humana, quando deseja algo, se vale do intelecto, da razão, para perceber se o que se deseja é bom, almejável, possível; para só em seguida o executar. A liberdade é fruto da combinação  entre a vontade e intelecto.
            A Metafísica e o “principio primeiro”, pauta em questão entre os no sécs. XII e XIV, também foram problematizadas pelo filósofo. É notável como o pensamento e as obras deste grande autor preconizaram diversos temas atuais, e como suas reflexões aprofundam extemporaneamente questões já respondidas tal como outras jamais pensadas. Duns Escoto é, indubitavelmente, um importante filósofo medieval.


Referências Bibliográficas:

Papa Bento XVI. AUDIÊNCIA GERAL. 2010. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2010/documents/hf_ben-xvi_aud_20100707.html.

REALE, Giovani. HISTÓRIA DA FILOSOFIA. São Paulo: Paulus, 1990. 693 p.



SÃO THOMAS DE AQUINO E A IGUALDADE DOS PECADOS

                                      
            Grande questão que divide opiniões entre as diferentes ramificações do cristianismo é a levantada por São Thomas de Aquino: são todos os pecados iguais? Se iniciarmos uma pesquisa de campo com esta pergunta e a fizermos a um considerável número de pessoas, a resposta não será uníssona, mas assaz diversa. Buscaremos, pois, aprofundar a questão com base na Suma Teológica.
                A  problematização da questão se dá  com alguns argumentos que iniciam o debate. Para Thomas de Aquino, o pecado é um mal, e  nenhum tipo de pecado deve ser cometido.  Ora, se todos os pecados devem ser igualmente evitados porque são igualmente “mal”, e como se constituem o contrário das virtudes -que são todas iguais-, logo são os pecados todos iguais.
Existem pecados graves e outros não graves.
Mas todos devem ser evitados...
            Contudo, considerando-se que muito certamente o doente  não deseja piorar, para não morrer, e como o deficiente não deseja que sua deficiência se agrave porque considera a deficiência, a doença e a morte um mau, o pecado é também algo mau, e o homem deve evitá-lo. De fato, existem pecados “graves” e “veniais”, na visão de Thomas, da mesma forma como há males físicos mais graves que outros.
         Observe-se que há pecados que promovem impacto mais grave que outros: desejar mentalmente algo de ruim a alguém  e cometer um  latrocínio são exemplos claros de dois pecados com diferentes impactos efetivos; ambos são pecados, mas observa-se maior repugnância ao ultimo. Assim, há pecados que devem ser mais evitados  que outros, ou seja; deve o fiel se policiar mais em não os cometer. O capítulo 19 do evangelho de João vem completar o pensamento tomista, onde Jesus pergunta a Pilatos quem possui o “pecado maior”. Segue-se que a existência de pecados graves e outros não graves são uma realidade.

            As exposições são brilhantes e fazem refletir acerca do assunto.  Certamente, aqueles que não congregam em nenhuma denominação cristã, corroborarão com o pensamento tomista. Sobre estes, o Papa Bento XVI, numa catequese em 2006, afirmou que o senso comum pode, diversas vezes, alcançar os mais altos graus de Teologia, sem haverem lido um texto sobre, e mais uma vez fulgura a grandeza do pensamento de Thomas de Aquino.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.


REALE, Giovani. HISTÓRIA DA FILOSOFIA. São Paulo: Paulus, 1990. 693 p.


     AQUINO, Thomás de. SUMA TEOLÓGICA. Traduzido por Alexandre Correia. São Paulo: Odeon, 1934. 484 p.

 Papa Bento XVI. AUDIÊNCIA GERAL. 2010. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/audiences/2010/documents/hf_ben-xvi_aud_20100707.html.

                             

DIVERSOS CONCEITOS DE THOMÁS DE AQUINO


            Buscando uma psicologia em São Thomas de Aquino, Mauro Martins Amatuzzi, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, escreveu um artigo que demonstra aspectos da área no autor. Antes de discorrermos desse, é importante que nos recordemos que, na época de Thomás, não havia tal profissão.   A aproximação dos conceitos de Thomás de Aquino à Psicologia é possível partindo da análise de seus escritos relacionados ao ser humano: suas ações e conduta, e as estruturas interiores que o forma.


CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DO ARTIGO

         A principio, devemos considerar três pontos que o autor do artigo em foco observa: O primeiro é que Thomas de Aquino  considera que Deus é o principio e o fim de todas as coisas e considera que a alma humana está ordenada para chegar a Deus. O segundo é como o homem procura a Deus e age no mundo para alcançar este fim. O terceiro constitui-se na crença que Jesus Cristo  conduz o ser humano a Deus, e como pode, segundo o autor do artigo, o homem se valer de símbolos para significar a sua existência.


A Alma
Existe, primeiramente, uma diferença entre os seres vivos e os não vivos, são completamente diferentes. Ser vivo é ser animado, não inerte, mas que seu movimento é feito por si mesmo, daí o conceito  de alma, (“anima” em latim “sobre”, “ar” “brisa”, “aquilo que anima”) que  dá ao corpo “animo”, vida. Tudo que não possui alma é ser inanimado. Pode-se observar o exemplo que o escritor de artigo valeu-se de uma pedra e de um gato para exemplificar o que possui e não possui alma: uma pedra, dividida ao meio, torna-se duas pedras. Um gato dividido ao meio torna-se dois pedaços de um gato morto. Assim, visto que o corpo submete-se à alma, pois quando ela o abandona acontece a morte, é a psicologia o estudo da mesma. 

Thomás de Aquino é um importante teólogo
da Igreja Católica.
Mauro Martins apresenta que, em Thomás, existem diversos tipos de vida, e quanto mais complexas as suas estruturas mais perfeitas elas são. A vida animal é mais perfeita que a vida vegetativa, e a humana é mais perfeita que todas, dada a complexidade da mesma, pois o homem, além de viver “vegetalmente” tendo suas funções involuntárias funcionando perfeitamente, e possuindo instintos, tal como os animais, possui  a faculdade do intelecto, e pode vencer os mesmos instintos  por meio da razão, bem como mudar a natureza e questionar-se dela, realizando mudanças no mundo e em si mesmo, coisa que nem os animais ou os vegetais podem fazer, sendo o homem “obra prima da criação”. Ora, como o homem é formado de corpo e alma, Thomás de Aquino apresenta uma forma de entender e cuidar do homem: é tarefa dos teólogos cuidar da alma, da mesma forma que do corpo os médicos.

Engana-se quem pensa que fora Kant o percussor, no séc. XVIII, do esclarecimento propondo o “sapere aude”, pois estão já esses conceitos presentes na obra de São Thomás de Aquino. Segundo o autor demostra, viver não é somente estar vivo “vegetalmente” isto é, estar sempre sob tutela dos outros, intelectualmente falando; sob uma “escravidão”, sendo aquilo que desejam que você seja e não aquilo de fato que és.

Deus

No mundo as coisas mudam: elas estão constantemente em mudança. Contudo, elas mudam sem deixar de ser a coisa que elas são. Como vimos, os objetos sem alma não podem se mover sozinhos, justamente por não possuírem alma.  Existe, pois, alguma coisa ou ser no universo que permite que as mudanças ocorram, sem misturar-se nestas coisas, pois aquela coisa que, no objeto muda, não a pode fazer por si mesma, pois é inanimada.


O Conhecimento

Outra importante questão que Mauro Martins observa  é o conhecimento em Tomás de Aquino. O conhecimento é aquilo que temos dentro de nós, mas que não é  a coisa mesma, ou seja; quando pensamos num carro, não existe um carro dentro de nos, mas a figura de um carro. Conceito muito parecido com  a figura das ideias de reflexão de Locke.  O conhecimento pode ser sensível (olhar, sentir, ouvir) e pode ser intelectual (pensamento,  conceituação, filosofia etc.. ) contudo, os dois estão juntos e são interligados por uma terceira entidade que seria a intencionalidade. Intencionalidade é a vontade humana de pesquisar ou não algo. Por exemplo, o homem que deseja descobrir algo, põe-se a pesquisar no caminho daquilo que quer descobrir.


A NATUREZA HUMANA

No livro A Ética, Aristóteles se pergunta qual é o fim do homem, visto que o fim do médico é curar e do filósofo pensar, mas e do homem mesmo?  Pensando sobre isso, o autor da Suma Teológica expõe que  a natureza da coisa é revelada por sua operação; então se pode entender que a natureza  e a vocação do homem é pensar raciocinar e usar o intelecto. Por este motivo é superior à todos os animais visto que neles não há esta faculdade.


CONCLUSÃO

Vimos neste texto como o pensador medieval fora profundo e importante, encontrando explicações à diversos temas de diversas áreas. Reconheceu-se também a profundidade do trabalho de Mauro Martins, que em seus estudos, sintetizou muito bem os conceitos do mais importante filósofo da Idade Média.

Referências Bibliográficas.

AMATUZZI, Mauro Martins. Tomas de Aquino e os sonhos: recorte de uma psicologia humanista. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 38, n. ja/dez. 1988, p. 33-58, 1988..