DIVERSOS
CONCEITOS DE THOMÁS DE AQUINO
Buscando uma psicologia em
São Thomas de Aquino, Mauro Martins Amatuzzi, da Pontifícia Universidade
Católica de Campinas, escreveu um artigo que demonstra aspectos da área no
autor. Antes de discorrermos desse, é importante que nos recordemos que, na
época de Thomás, não havia tal profissão. A aproximação dos
conceitos de Thomás de Aquino à Psicologia é possível partindo da análise de
seus escritos relacionados ao ser humano: suas ações e conduta, e as estruturas
interiores que o forma.
CONSIDERAÇÕES DO AUTOR DO
ARTIGO
A principio, devemos
considerar três pontos que o autor do artigo em foco observa: O primeiro é que
Thomas de Aquino considera que Deus é o principio e o fim de todas as
coisas e considera que a alma humana está ordenada para chegar a Deus. O
segundo é como o homem procura a Deus e age no mundo para alcançar este
fim. O terceiro constitui-se na crença que Jesus Cristo conduz o ser humano a
Deus, e como pode, segundo o autor do artigo, o homem se valer de símbolos para
significar a sua existência.
A Alma
Existe,
primeiramente, uma diferença entre os seres vivos e os não vivos, são
completamente diferentes. Ser vivo é ser animado, não inerte, mas que seu
movimento é feito por si mesmo, daí o conceito de alma, (“anima” em latim “sobre”, “ar” “brisa”, “aquilo
que anima”) que dá ao corpo “animo”, vida. Tudo que não possui alma é ser
inanimado. Pode-se observar o exemplo que o escritor de artigo valeu-se de uma
pedra e de um gato para exemplificar o que possui e não possui alma: uma pedra,
dividida ao meio, torna-se duas pedras. Um gato dividido ao meio torna-se dois
pedaços de um gato morto. Assim, visto que o corpo submete-se à alma, pois quando
ela o abandona acontece a morte, é a psicologia o estudo da mesma.
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Thomás de Aquino é um importante teólogo da Igreja Católica. |
Mauro
Martins apresenta que, em Thomás, existem diversos tipos de vida, e quanto mais
complexas as suas estruturas mais perfeitas elas são. A vida animal é mais
perfeita que a vida vegetativa, e a humana é mais perfeita que todas, dada a
complexidade da mesma, pois o homem, além de viver “vegetalmente” tendo suas
funções involuntárias funcionando perfeitamente, e possuindo instintos, tal
como os animais, possui a faculdade do intelecto, e pode vencer os mesmos
instintos por meio da razão, bem como mudar a natureza e questionar-se dela,
realizando mudanças no mundo e em si mesmo, coisa que nem os animais ou os
vegetais podem fazer, sendo o homem “obra prima da criação”.
Ora, como o homem é formado de corpo e alma, Thomás de Aquino apresenta uma
forma de entender e cuidar do homem: é tarefa dos teólogos cuidar da alma, da
mesma forma que do corpo os médicos.
Engana-se
quem pensa que fora Kant o percussor, no séc. XVIII, do esclarecimento propondo
o “sapere aude”, pois estão já esses conceitos presentes na obra de São
Thomás de Aquino. Segundo o autor demostra, viver não é somente estar vivo
“vegetalmente” isto é, estar sempre sob tutela dos outros, intelectualmente
falando; sob uma “escravidão”, sendo aquilo que desejam que você seja e não
aquilo de fato que és.
Deus
No
mundo as coisas mudam: elas estão constantemente em mudança. Contudo, elas
mudam sem deixar de ser a coisa que elas são. Como vimos, os objetos sem alma não
podem se mover sozinhos, justamente por não possuírem alma. Existe, pois,
alguma coisa ou ser no universo que permite que as mudanças ocorram, sem
misturar-se nestas coisas, pois aquela coisa que, no objeto muda, não a pode
fazer por si mesma, pois é inanimada.
O Conhecimento
Outra
importante questão que Mauro Martins observa é o conhecimento em Tomás de
Aquino. O conhecimento é aquilo que temos dentro de nós, mas que não é a
coisa mesma, ou seja; quando pensamos num carro, não existe um carro dentro de
nos, mas a figura de um carro. Conceito muito parecido com a figura das
ideias de reflexão de Locke. O conhecimento pode ser sensível (olhar,
sentir, ouvir) e pode ser intelectual (pensamento, conceituação,
filosofia etc.. ) contudo, os dois estão juntos e são interligados por uma
terceira entidade que seria a intencionalidade. Intencionalidade é a vontade
humana de pesquisar ou não algo. Por exemplo, o homem que deseja descobrir algo,
põe-se a pesquisar no caminho daquilo que quer descobrir.
A NATUREZA HUMANA
No
livro A Ética, Aristóteles se pergunta qual é o fim do homem, visto que o fim
do médico é curar e do filósofo pensar, mas e do homem mesmo? Pensando
sobre isso, o autor da Suma Teológica expõe que a natureza da coisa é
revelada por sua operação; então se pode entender que a natureza e a
vocação do homem é pensar raciocinar e usar o intelecto. Por este motivo é
superior à todos os animais visto que neles não há esta faculdade.
CONCLUSÃO
Vimos
neste texto como o pensador medieval fora profundo e importante, encontrando
explicações à diversos temas de diversas áreas. Reconheceu-se também a
profundidade do trabalho de Mauro Martins, que em seus estudos, sintetizou
muito bem os conceitos do mais importante filósofo da Idade Média.
Referências Bibliográficas.
AMATUZZI, Mauro Martins. Tomas de Aquino e os sonhos: recorte de uma psicologia humanista. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 38, n. ja/dez. 1988, p. 33-58, 1988..